domingo, 16 de novembro de 2008

O Menino-aranha

O Menino-aranha (Mariana Lacerda, 2008) é um filme humanizado, centrado no personagem que é retratado em depoimentos em off. Mas a originalidade está na forma do filme: ele é arquitetônico, ou melhor, volumétrico, ao mostrar o espaço físico onde o personagem do curta documentário fazia seus furtos mirabolantes.Assim, com belas tomadas e cuidadosos jogos de câmera, além de uma trilha sonora (com três notas que se repetem) que ressalta o caráter enigmático da obra e do personagem, a imaginação do espectador passa agir e relacionar as falas dos depoimentos, frases cuidadosamente pinçadas de familiares e especialistas que o conheceram, com as imagens de lugares em que o Menino-aranha agia: coberturas de prédios, sacadas, janelas, pilotis, elevadores.O grande mérito do filme é a capacidade de fazer o espectador criar a partir das imagens: em o Menino-aranha o espectador torna-se co-criador. As sucintas frases em off, captadas de depoimentos, atuam também neste sentido: elas apontam sentidos que não são nada mais que pano para manga da imaginação do espectador: elemento principal desta obra aberta. Porém, o filme não se detém a seu tema: o garoto que subia prédios de até 33 andares para furtar, ele o transcente ao refletir sobre o espaço urbano (do Recife) e sobre as injustiças sociais.

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