Ismar e Geneton Morais Neto: um é personagem de um curta documentário de 2007, outro é diretor e narrador de um curta de mil novecentos e setenta e nada, como ele diz. Ismar é retratado no filme homônimo, que faz uma sobreposição entre as imagens do Ismar criança, participando de vários programas de auditório para exibir seu grande conhecimento em cinema, onde era considerado um fenômeno, e sua atual condição de adolescente-barbudinho-com-um-cigarro-na-mão.
A sobreposição dos dois Ismar, o pirralha e o adolescente, cria uma oposição natural: aquele menino midiático e sorridente se transformou no barbudinho “enigmático”, que se nega a falar sobre o passado de estrela juvenil. Mas um olhar aprofundado nota que ele não mudou: foi e é somente o equivalente de sua idade: o garotinho da mamãe era o menino esperto, sorridente - o barbudinho roqueiro é o cara legal, o brother, cheio de ideologia de fumaça.
Sobreposição semelhante aparece na nossa cabeça ao ver Funeral para um Década de Brancas Nuvens, do atual editor do Fantástico. Poético, revolucionário, marxista, marxista, marxista, o filme trata sobre o autoritarismo político com imagens sugestivas, que remetem à opressão. Como em Ismar, vemos a oposição dos dois Genetons Morais Netos, o cineasta-super-oitista-revolucionário-marxista e o editor do Fantástico.
Também como em Ismar, os opostos de Geneton se tocam, o marxismo da juventude (o equivalente à fase barbudinha de Irmar) se sucedeu naturalmente pelo midiatismo liberal – assim, Genetou também não mudou, seguiu sendo o equivalente de sua idade, passou do apocalíptico juvenil ao integrado ao grande show da mídia.
Fica, então, a reflexão sobre o que aprendemos com Ismar e Geneton: quanto mais se muda mais se é o mesmo.
Um comentário:
Namastê Pensador!
Vou virar visitante.
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