sábado, 16 de junho de 2007


Coletânea de citações do livro O HOMEM MEDÍOCRE de José Ingenieros, o livro mais importante na minha formação.


"A EMOÇÃO DO IDEAL

Quando orientas a proa visionária em direção a uma estrêla, e desdobras as azas para atingir tal excelcitude inacescível, ancioso de perfeição rebelde à mediocridade, levas em ti o impulso misterioso de um Ideal.



Haverá sempre um contraste evidente entre servilismo e a dignidade, a necessidade e o engenho, a hipocrisia e a virtude. A imaginação dará, a uns, o impulso original, no sentido do perfeito; a imitação organizará, nos outros, os hábitos coletivos. Sempre haverá, por força, idealistas e medíocres.


Os espíritos convusionados por algum ideal, são inimigos da mediocridade: sonhadores contra utilitários, entusiastas contra apáticos, generosos contra calculadores, indiciplinados contra dogmáticos.


Há certos momentos em que ousam denominar ideais a seus apetites, como se a urgencia de satisfações imediatas pudesse ser confundida com a ância de perfeições infinitas. Os apetites se fartam; os ideais nunca.


Repudiam as coisas líricas, porque obrigam a pensamentos muito e a gestos demasiados dignos.


Sua generosidade é sempre dinheiro dado em usura. Sua amizade é uma complacência servil, ou adulação proveitosa. Quando cuidam praticar alguma virtude, degradam a própria honestidade, empanando-a ...


Um pensamento não fecundado pela paixão, é como o sol no inverno; ilumina, mas, sob seus raios, pode-se morrer de frio.


"Ser tolo, egoísta, e Ter uma boa saúde, eis aí as três condições para ser feliz. Mas se vos falta a primeira, tudo está perdido".


O êxito se mendiga; a gloria se conquista.


O disfarce é útil ao fraco; só se pode fingir o que se julga não Ter.


A tentação de saciedade sufoca toda ânsia de perfeição."

José Ingenieros

sexta-feira, 8 de junho de 2007

UM HOTEL QUE SURGE DO SOLO COMO UMA VIDEIRA


Projetado por Frank Gehry, arquiteto canadense ganhador do prêmio Priztker, o hotel foi feito para compor um centro cultural vinícula, com o objetivo de divulgar a história e tradição vinícula da região de La Rioja, na Espanha.
Gehry quis fazer o "prédio surgir da terra como uma videira", com suas formas de modo a lembrar o prazer e o clima festivo que o vinho trás.
Ele se manteve fiel às características de seus projetos, com formas livres, funcionalidade e uso racional da luz solar, mas com uma novidade que foi não encobrir as estruturas, que ficam expostas sujerindo o caos.
A arquitetura de Frank Gehry é impactante, escultórica e profundamente inovadora.
Estas características se tornaram célebres no mundo inteiro com seus projetos como a Casa Dançante em Pagra e o Museo Guggeinheim de Bilbao.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A MÚSICA ARMORIAL



Os Criadores da Música Armorial

Arianos Suassuna certamente foi uma peça importante na criação da música armorial. Mas a criação da estética armorial se deve a músicos que já sentiam a necessidade de fazer uma música utilizando os temas do nosso povo, uma música erudita nordestina.

O primeiro passo para a criação da musicalidade armorial foi a chegada de Guerra Peixe ao Recife na década de 1950. Guerra Peixe era um dos maiores compositores brasileiros da época. Ele se dedicava ao Dodecafonismo. Para vir ao Recife, ele recusou dois convites, um para ir aos Estados Unidos lecionar e outro de trabalhar em Zurique, onde teria a orquestra da rádio de Zurique à sua disposição. Com sua chegada à cidade, para trabalhar na Rádio Jornal do Commercio, encantou-se com o maracatu e começou a estudar a diversidade da música pernambucana. Escreveu posteriormente "Durante 3 anos me meti nos xangôs, maracatus, viajei para o interior, recolhi músicas de rezas para defunto, da banda de pífanos...". Gilberto Freyre o descreveu como "um sulista nordestinizado".

Guerra Peixe ensinou composição a quatro alunos, Capiba, Sivuca, Jarbas Maciel e Clóvis Pereira. Eles começaram a compor música erudita com os temas que tinha colhido na cultura nordestina.

No final da década de 70, Cussy de Almeida, maestro e violinista, juntou-se a Ariano Suassuna para fazer uma orquestra de câmara com a sonoridade dos instrumentos nordestinos.

Ariano contratou tocadores de viola, pífano e cantadores para tocarem, com Jarbas Maciel, Clóvis Pereira e Cussy de Almeida copiando os temas para elaborar uma música com esse material.

Na sua criação, a orquestra ficou vinculada ao Conservatório Pernambucano de Música, era regida por Cussy de Almeida e tinha como spalla o violinista chileno, recém chegado ao Recife, Rafael Garcia. Seu concerto inaugural foi no dia 21 um de agosto de 1970, portanto, alguns meses antes do lançamento oficial do movimento.

No dia 18 de Outubro a orquestra tocou no lançamento do Movimento Armorial, na Igreja de São Pedro, onde ficou a exposição de pinturas de Brennand e outros artistas.
O Pátio de São Pedro tinha sido recentemente restaurado, a primeira revitalização com a finalidade de atrair turistas.
A orquestra tocou em todo o interior de Pernambuco, depois nas capitais do Nordeste. Era o orgulho do Estado de Pernambuco, chegou a ser considerada uma das melhores orquestras de câmara do Brasil. Fez concertos em todo o Brasil, tocou até para o presidente Médici em Brasília. Em todos os concertos, Ariano Suassuna apresentava as obras e o ideário do movimento.

A orquestra fez cerca de 300 concertos em todo o Brasil.O mais importante deles foi na sala Cecília Meireles, na época a mais importante sala de concertos do Brasil, com grande êxito. No concerto a Orquestra tocou, além da Música Armorial, As Quatro Estações de Vivaldi.

A Orquestra gravou vários Lps pela gravadora Continental. As principais obras Armorias foram compostas para a orquestra, nessa época. O sucesso da orquestra e da Música Armorial contribuiu para romper o preconceito musical contra o Nordeste.

Definição de Música Armorial

A Música Armorial, ou Música Erudita Nordestina é a música inspirada na rabeca, na viola sertaneja, na banda de pífano e nas cantorias. Faz um paralelo entre a música nordestinas e suas raíses ibéricas, barrocas. Na Orquestra Armorial a rabeca era representada pelo violino e viola, que são da mesma família de instrumentos. A banda de pífano era imitada pela flauta e percussão. A viola sertaneja pelo cravo, já que os dois são de cordas pinçadas e de aço.

A Música Armorial oscila entre o ibérico e o nordestino, o popular e o erudito, buscando o passado e promovendo uma renovação da música brasileira.

Há um paralelo também entre os nomes dos movimentos da Música Erudita e Armorial, na Erudita os movimentos são Allegro, Adagio e Presto, na Armorial é Chamada, Aboio e Galope.

Cisão no Movimento

Ariano Suassuna sempre resistiu ao fato de não haver instrumentos realmente populares na Orquestra Armorial. Cussy justificava isto dizendo que a utilização dos instrumentos eruditos tinha a função de dar mais uniformidade sonora. Isto junto com divergências pessoais entre ele e Cussy de Almeida fez com que eles se separacem e cada um seguiu sua tendência, Ariano com seu Quinteto Armorial de instrumentos populares e músicos sem formação acadêmica, e Cussy com sua orquestra de músicos de formação erudita. Os jornais eram palco dos debates entre as duas tendências.


Mangue Versus Armorial

O manifesto Maguebeat começa dizendo que o Recife é a segunda pior cidade do mundo pra se viver, de fato o "Movimento" Mangue foi criado numa época de abandono e decadência cultural e reflete esta decadência.
Um dos pontos de divergência, eu suponho, é que Ariano Suassuna diz que Recife, e o Nordeste, é o melhor lugar do mundo pra se viver, por nossa riqueza cultural e social.
Naquela época o Recife Antigo estava abandonado, os casarões eram ocupados por bordéis, o centro da cidade estava caindo aos pedaços.
Os "Mangueboys" fizeram uma junção entre o Rock, Punk, o Rap, a música de Michael Jackson e o maracatu, ou seja, tudo que tem de mais comercial, artificial e ruim misturado com o maracatu.
Se dizem multiculturais ao misturar tantos ritmos diferentes. Isso eu denomino de multisuperficialismo, onde se mistura um monte de estilos diferente e o resultado final é uma mistura vaga, superficial.
Jarbas Maciel afirmou em entrevista ao ser perguntado quais os exponentes do movimento armorial na música popular "No popular tem o Lenine, que tem uma veia importantíssima – o antípoda de um blefe chamado Chico Science, cuja música é uma mixórdia de rap, rock (decadente) e realizada dentro do esquema da música comercial (popular) que caracteriza essa indústria cultural que está aí, tudo isso temperado com uma percussão alucinante, que serve mais para despistar a incrível pobreza do produto final. Tudo bem "projetado" para ser politicamente correto e ao gosto da mídia ávida por novidade a qualquer preço. Coisa para inglês ver. Nada mais".
Na época em que o Maguebeat estava no auge Arraes chamou Ariano Suassuna para o cargo de Secretário de Educação e Cultura.
A jornalista Ivana Moura, que ainda escreve no Diário, apresentou Chico Science a Ariano. "Mestre Ariano, eu também sou um armorial, meu coração é de cerâmica" disse Chico a Ariano que respondeu "se você é armorial, por que se chama Chico Science?". Chico certamente que o governo do estado financiasse seus shows.
A questão é, se Chico Science e Nação Zumbi tem contratos milionários com a Sony, ou seja, é amparado pela indústria de massa, por que querer apoio público?
Ariano admite o valor dessa manifestação, de algum modo o "movimento" Mangue chamou a atenção do Brasil para o Maracatu, só não aceitou financiar o que já tem o financiamento privado.



Críticas à Música Armorial

1. Ser um movimento fechado à musica moderna e eletrônica.
2. Ser provinciano.
3. De não aceitar a influência americana mas aceitar a influencia européia.
4. De ser elitista.
5. De ter acabado.
1. O armorial se preserva de contaminação da cultura de massa, e isso não é ser restrito ou atrasado, é se preservar do que é empacotado, padronizado e ruim.
2. Acusam a Música Armorial de provinciana. Tenho vários exemplos de que a influência do armorial não se restringiu ao Nordeste. A Orquestra Sinfônica de São Paulo (considerada uma das 100 melhores orquestras do mundo) fez duas turnée pela Europa, a segunda foi a dois meses atrás, eles tocaram em Paris, Viena, Berlin, Colônia entre outras, em todas as cidades tocaram o Mourão de Guerra Peixe e Clóvis Pereira, foram calorosamente aplaudidos, o jornal Le Monde se referiu à orquestra como "Un Miracle Brésilen".
Clóvis Pereira teve sua Missa Nordestina tocada na Eco 92 no Rio de Janeiro, seu Concerto Para Violoncelo foi gravado por um dos 5 melhores violoncelistas do mundo, Antonio Menezes, que agora pretende fazer um cd com suítes dos principais compositores eruditos. Ele encomendou para Clóvis Pereira um suíte que está sendo composta para integrar o cd.
Outro exemplo é o compositor Marlos Nobre, considerado um dos melhores compositores eruditos do mundo, que escreveu várias peças armoriais que foram tocadas por algumas das melhores orquestras do mundo.
3. Os críticos ao Armorial vêem uma contradição o fato do Movimento não aceitar a influência americana mais aceitar a influência européia. A questão é que a influência européia que se aceita é a que foi transportada à cultura brasileira pela colonização e que se perpetuou pela tradição. Assim, buscando a tradição européia se trás as origens da identidade nacional.
5. Diz-se que o movimento acabou, que atualmente não se faz música armorial. Sobre isso eu lhes mostro o cd A Música Erudita dos Compositores Populares Pernambucanos, com algumas músicas inéditas, tocadas por uma orquestra de músicos internacionais. Teve ótima crítica pela revista francesa Diapason, especializada em Música Erudita.


Fontes:
- Entrevista com Clóvis Pereira feita por Carlos Eduardo Amaral.
- Entrevista com Jarbas Maciel feita por Carlos Eduardo Amaral.
- Roteiro da documentário A Música Armorial.
- Texto de Luís Américo sobre a Orquestra Armorial.
- Matéria "Do dodecafonismo ao Maracatu" de Jarbas Maciel.
- Entrevista com Cussy de Almeida.
- Entrevista com Rafael Garcia.
- Emblemas e Sagrações do Armorial de Maria Thereza Didier.

sábado, 2 de junho de 2007

ARQUITETURA ARROGANTE
Uma das qualidades de uma construção arquitetônica é a adequação ao entorno. Esta qualidade certamente o prédio recém contruído do grupo JCPM não tem. O JCPM Trade Center ergue-se com seus 19 andares sobre o bairro de Brasília Teimosa, uma das áreas mais degradadas do Recife.
Além dos 19 andares o prédio dispõe de um edifício garagem com 5 andares, 8 elevadores para servir a seus escritórios e uma vista panorâmica da cidade e da praia de Boa Viagem. Tudo isto ao redor de milhares de casinhas pequenas, onde vive uma população pobre e carente.

A pele de vidro que reveste o prédio reflete as nuvens e o mar, em contraste absoluto com as casinha de tijolo aparente que o rodeia.

Claro que o JCPM Trade Center espera pacientemente que a especulação imobiliária (pricipalmente depois da construção da avenida Brasília Formosa) faça nascer ao seu redor arranha-céus para lhe fazer companhia, mas por enquanto parece uma contrução extraterrena no ambiente.

Acima do prédio destaca-se num vermelho intenso a sigla do grupo que também é a sigla do nome de seu dono, reinando só, no céu do Recife.

Arquitetura que segue as aspirações de seu mandatário.